29 de fev. de 2008

Oscar



No domingo passado, foi realizado a 80 edição do Oscar. Eu, como em todos os anos anteriores, assiti à premiação. Mesmo tendo que aguentar as reclamações do Douglas, que insiste em dizer que os membros da Academia são um bando de velhos babões e retrógrados. Eu sempre vejo a festa até o fim, já que o prêmio máximo, de melhor filme do ano, é o último a ser entregue.
Não vou ficar aqui discutindo sobre essa última edição da premiação ter alcançado a pior audiência da história (desde a década de 70, quando começaram a computar esse índice) ou falar qual filme eu acho que merecia a cobiçada estatueta. Até porque eu só assisti um dos indicados a melhor filme. E é desse filme que eu quero falar.
No domingo, eu e Douglas fomos ao cinema. Como o Oscar seria à noite, nós só teríamos tempo de assistir a um dos indicados. E, pelo horário, o único que poderíamos assitir, sem perder o início da festa era Juno.
Eu já tinha lido a crítica do Omelete sobre o filme. Era muito elogiosa. Mas eu nem sempre concordo com os críticos, então fui conferir por mim mesma.
E tive uma bela surpresa. O filme é muito bom. Mas muito bom mesmo.
A história é bem simples. Uma garota de 16 anos descobre, após passar a noite com um amigo, que está grávida. Ela decide fazer um aborto, mas, na clínica, acaba desistindo. Resolve então doar seu bebê ( que ela "carinhosamente" apelida de "a coisa", ou, no original "the thing") para um casal que não pode ter filhos.
Mas o filme, que poderia ser confundido com um filminho de sessão da tarde, é muito mais que sua história. É um filme de personagens.
Desde o casal protagonista (Ellen Page, perfeita, e Michael Cera, de quem eu sou fã desde Arrested Development e Superbad), passando pelo pai e a madrasta de Juno, a melhor amiga e o casal interessado em adotar o bebê (Jennifer Garner e Jason Bateman), todo o elenco do filme está afiadíssimo.
O roteiro, que é a melhor coisa do filme, é de Diablo Cody, uma estreante. Ela levou a estatueta de melhor roteiro original, e a levou merecidamente. Ela é ex-stripper e ex-operadora de tele-sexo. Ninguém podia imaginar que ela criaria um roteiro tão sensível, realista e ao mesmo tempo cheio de humor ácido. É mais um bom exemplo de que a profissão da pessoa não a define.
Agora, um aviso a quem for assistir a Juno. Se você apenas lê as legendas, provavelmente vai discordar da minha opinião. Simplesmente pelo fato que a legenda em português literalmente "assassina" o roteiro sem qualquer piedade. As melhores piadas estão no original, em inglês. Para quem assiste ao filme ouvindo realmente os diálogos, o filme é ótimo. Eu e o Douglas, em vários momentos do filme, eramos os únicos a morrer de rir na sala do cinema. O filme está cheio de piadinhas e trocadilhos que a maioria da população brasileira não consegue entender. Mas, para quem entende bem inglês, são deliciosas.
Fora que Juno tem uma qualidade que eu adoro. Ele é despretencioso. Eu tenho um sério problema com filmes pretenciosos, aqueles que você vê já no início que o diretor e o roteirista achavam que estavam produzindo a maior obra do cinema. E, geralmente, eles são péssimos.
Juno não é assim. Ele é simples, tem uma trilha sonora fofíssima, atores competentes em retratar pessoas normais, e um final lindo, sensível e real.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sobre Diablo Cody, lembro uma passagem no fim de Rattatouile que concluiu algo que não esquecerei tão cedo: "Nem todos podem ser artistas, mas um artista verdadeiro pode surgir de qualquer lugar."

Parabéns à Cody, que ela faça muitos outros filmes!